Notícias
Sucesso, vícios e prisão: relembre a trajetória de Rita Lee, morta aos 75 anos
Rita Lee, que morreu ao 75 anos nesta segunda-feira (08), teve uma trajetória de vida icônica e se permitiu ser real
A cantora Rita Lee morreu na segunda-feira (8/5), aos 75 anos. Conhecida como a rainha do rock brasileiro, a artista foi uma das mais conhecidas do Brasil e ganhou grande destaque pela sua trajetória icônica e contribuição fundamental para o gênero e sua versatilidade.
Rita Lee Jones de Carvalho nasceu em 31 de dezembro de 1947, em São Paulo (SP). Era a caçula das três filhas do dentista Charles Fenley Jones, descendente de imigrantes norte-americanos confederados estabelecidos em Santa Bárbara d’Oeste, no interior de São Paulo, e de Romilda Padula, filha de imigrantes italianos.
Rita cresceu no bairro da Vila Mariana, onde teve aulas de piano e foi influenciada pelo rock de Elvis Presley, Beatles e Rolling Stones, assim como pela música brasileira que seus pais ouviam em casa, com clássicos da MPB como Cauby Peixoto, Angela Maria, Maysa e João Gilberto.
Começou a compor suas primeiras músicas na adolescência e a fazer parte de bandas com amigos. Em 1963, formou com outras duas garotas o grupo “Teenage Singers”, que se apresentava em festas escolares. Com “Os Seis”, outra banda que integrou, gravou seu primeiro compacto, com duas músicas. A saída de três membros do sexteto resultou no trio formado por Rita, Arnaldo Baptista e Sérgio Dias, que renomearam a banda como “Os Bruxos”. Por sugestão de Ronnie Von, o nome da banda mudou para Os Mutantes.
“Mutantes”, com os irmãos Arnaldo e Sérgio Dias Baptista, Rita gravou álbuns icônicos do rock brasileiro e participou de performances memoráveis. Em 1967, o grupo acompanhou Gilberto Gil no III Festival de Música Popular Brasileira, na Record, com a apresentação de Domingo no Parque.
Rita foi casada com Arnaldo entre 1968 e 1972, e juntos lançaram dois discos solo acompanhados pelos colegas da banda: “Build Up” (1970) e “Hoje é o Primeiro Dia do Resto da Sua Vida” (1972). A separação e divergências artísticas levaram à saída de Rita da banda.
Em seguida, Rita formou a banda “Tutti Frutti”, com a qual gravou vários álbuns de sucesso. “Fruto Proibido”, de 1975, consolidou seu título de rainha do rock brasileiro, com músicas como “Agora Só Falta Você” e “Ovelha Negra”.
Rita Lee: prisão e vício em drogas
Em 1976, já morando com Roberto de Carvalho e grávida do primeiro filho, Rita foi detida pela ditadura militar por porte e uso de maconha, num ato do regime para “servir de exemplo à juventude” da época. Condenada a um ano de prisão domiciliar, ela precisava de autorização judicial para fazer shows.
Rita e Roberto tiveram três filhos: Beto Lee, em 1977, João, em 1979 e Antônio, em 1981. Após o fim da prisão domiciliar, o casal iniciou a parceria que consagrou Rita como artista popular, mesclando rock e pop. Nessa fase, emplacaram sucessos como “Mania de Você” e “Doce Vampiro”.
Com a carreira em alta, vieram episódios de internação por abuso de sedativos e álcool. Em 1986, a cantora caiu da varanda do segundo andar de sua casa, fraturando o maxilar e passando por uma cirurgia reconstrutiva. Rita só conseguiu se livrar das drogas e do álcool em 2006, após buscar ajuda em uma clínica de reabilitação.
“Estou sóbria há 11 anos, desde o nascimento da minha neta. Redirecionei minha energia e estou achando estranho ser careta”, disse em uma entrevista ao programa Conversa com Bial durante o lançamento de sua biografia, em 2017.
De 2002 a 2004, fez parte do elenco de apresentadoras do Saia Justa, programa de debates do GNT, ao lado de Mônica Waldvogel, Marisa Orth e Fernanda Young. Rita também escreveu sete livros infantis, três deles estrelados pelo rato cientista Dr. Alex, que publica desde os anos 1980.
O lançamento de Rita Lee: Uma Autobiografia em 2016 revelou aos fãs aspectos menos conhecidos da carreira da cantora e entrou na lista dos mais vendidos do país. Em 2018, lançou o livro FavoRita, reunindo fotos raras, memórias e reflexões ao completar 70 anos.
Aposentadoria e últimos anos de vida
A cantora anunciou sua aposentadoria dos palcos em 2012, devido à sua fragilidade física: “Me aposento dos shows, mas nunca da música”, explicou no Twitter. Sua última apresentação, no Festival de Verão de Sergipe, terminou em controvérsia, após Rita se revoltar com a ação policial que considerou agressiva com o público. Acusada de desacato, foi levada à delegacia após o show para depor e liberada logo depois.
Rita passou seus últimos anos reclusa em um sítio na Grande São Paulo com o marido, Roberto, especialmente durante a pandemia de Covid-19, época em que descobriu um câncer de pulmão e precisou a ser submetida ao tratamento adequadro.
Em 2022, foi anunciado que o câncer de Rita Lee estava em remissão e, assim, a cantora estaria curada. Desde então, ela vinha se recuperando em casa, na presença do marido e dos filhos.