Martinho da Vila desbrava Ópera Negra em novo álbum!
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Martinho da Vila desbrava Ópera Negra em novo álbum!

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Martinho da Vila choca fãs ao entregar disco triste e poderoso: "Negra Ópera" surpreende! (Foto: Reprodução Instagram)
Martinho da Vila choca fãs ao entregar disco triste e poderoso: "Negra Ópera" surpreende! (Foto: Reprodução Instagram)

Ícone do Samba, Martinho da Vila mergulha na tristeza e encanta com reinterpretações e inéditas em ‘Negra Ópera’

A batuta do maestro Leonardo Bruno dá o tom nos primeiros quatro minutos do álbum, instigando a curiosidade do ouvinte para o autor do trabalho. A revelação vem ao final da música, batizada de “Zumbi dos Palmares“, com a voz inconfundível de Martinho da Vila surgindo, entoando o título da canção.

O veterano do samba está se aventurando em território inexplorado com seu novo álbum, “Negra Ópera“, lançado em 13 de maio, data da Abolição da Escravatura no Brasil. O sambista de 85 anos expressou sua satisfação com o trabalho, dizendo: “Eu fiquei pensando: fazer mais um disco, o que eu vou fazer? Vou fazer uma coisa diferente e pensei numa ópera. Pensei em fazer um disco dramático, não tenho nenhum desse jeito. Fui trabalhando e consegui fazer“.

O álbum é uma mistura intrigante de três músicas inéditas de Martinho e releituras de clássicos do samba. Ainda assim, sua presença calorosa e alegre permanece inalterada, desafiando a natureza sombria do trabalho.

“Negra Ópera” é uma referência a um livro que Martinho escreveu em 2001, contando a história de um ex-criminoso tentando se reintegrar à sociedade. O álbum, como o livro, traz uma busca por justiça social, mais notavelmente na colaboração com Chico César em “Acender as Velas“, clássico de Zé Kétti de 1964, apresentando uma crítica à violência policial.

Apesar da suavidade predominante na voz de Martinho, o álbum carrega uma profundidade de tristeza em suas linhas. “A Negra Ópera é um disco musical, com certeza, inspirado nas óperas. É um disco diferente do que eu tenho feito, sempre com muito mais ritmos, arranjos, esse é mais intimista. A morte está muito presente no disco“, afirma Martinho.

Com produção de Celso Filho, Martinho Antônio e Pretinho da Serrinha, o álbum balanceia entre sambas clássicos do Rio e de São Paulo. Martinho, conhecido por sua afeição pela Bahia e o reconhecimento do seu significado para o samba, comenta: “O estado mais falado nos sambas é a Bahia, se quiser fazer um disco sobre compositores do Rio que falaram da Bahia teria que ser uma infinidade de discos. Eu mesmo fiz um monte quando nunca sequer tinha ido a Salvador“.

A “Negra Ópera” apresenta-se como um estudo em contradições. A alegria radiante de Martinho da Vila contrasta com a tristeza subjacente do álbum, criando uma obra que é tanto emocionalmente carregada quanto reconfortante. Com mais de oito décadas de vida, o cantor demonstra a atemporalidade dos sambas escritos há muitos anos, trazendo-os à vida com uma energia e relevância novas.

Apesar de ser um desvio do seu estilo característico, Martinho da Vila, com sua “Negra Ópera”, consegue, de forma brilhante, conectar a tristeza, alegria e a reflexão social. O álbum confirma a contínua vitalidade de Martinho e a relevância da música que ele continua a produzir. Este é um trabalho intrigante que deve ser apreciado por fãs de samba e amantes da música de todos os tipos.

Como Martinho mesmo sugere, “A ópera é um espetáculo dramático, bem forte, mas é bonito. A história é linda, sabe? Luz, cenário, canto, orquestra, é bonito demais.” E, neste caso, a beleza está na sua jornada musical, arriscando-se na tristeza e entregando um álbum que fala com a alma. Vale a pena conferir.

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